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bogotá #02


a piada entre a gente é que a onda gastronómica em bogotá é a "culinária de hiperlativos".
a banana de lá tem uns 22cm comprimento, o milho (doce) tem uns 10 cm de diâmetro e as bolachas recheadas tem o tamanho de um prato de sobremesa. formigas são grandes o suficiente para serem servidas como petiscos e as cumbucas de feijão estão mais para bacias que para tigelas.
não internet, eu não tô surtada no refinado mais popular da colombia. é sério mesmo... deixarei as fotos falarem.
nossas descobertas gastronômicas devem-se em grande parte à fantástica guia milena (do free walking tour bogotá) que nos ciceroneou pela candelária já no primeiro dia.  
milena nos contava, conforme percorriamos o centro histórico, sobre os diferentes (e abundantes) carros de comida, sobre a origem dos nomes de cada alimento e sobre os hábitos bogotanos em geral. 
a oferta mais comum nas ruas eram os carros de frutas e salada de frutas (salpicón).

arepas são pães chatos de farinha de milho. obleas são as bolachas gigantes cuja massa, de acordo com a milena, lembra a óstia da igreja. o recheio mais popular é o arequipe (doce de leite).

não tivemos a oportunidade de experimentar as tais  hormigas culonas - formigas gordinhas, fritas e salgadas. mas o marco se aventurou nos miúdos e butifarras servidos ali mesmo na rua. eu até contaria o que ele provou... mas digamos que estava difícil identificar a espécie de origem de cada naco de carne naquela chapa.

já na panela.. a curiosidade perguntou! a resposta: pele de porco cozida
ficamos na mazorca mesmo. obrigada.
a "mazorca dulce" (grande milho doce) está em toda parte. nos diversos carros de comida e acompanhando os mais variados pratos nos restaurantes. é tão, mas tão gostoso que eu poderia escrever odes e hinos à cada espiga. ainda assim, não faria justiça.
a milena ficou comovida com o nosso interesse (e com as nossas incessantes perguntas) sobre os alimentos locais. resolveu nos levar a um supermercado na candelária e nos ensinou lá mesmo como se chamava e como se consumiam frutas e legumes. foi uma experiência surreal estar naquele supermercado.  enquanto ela falava sobre pitahayas, uchuvas e granadillas.. a shakira gritava nos alto-falantes da música ambiente. foi no mínimo chévere! :)

a ida ao supermercado rendeu em algumas compras que rechearam nosso café da manhã do dia seguinte.
 ela nos contou também sobre suas doces memórias de infância nos recomendando os chocolates populares locais. que experimentamos, claro.
convencer o marco a experimentar um chocolate não é nenhuma tarefa hercúlea. mesmo com nomes tão pouco convidativos:
saímos do tour com uma lista de dicas e locais a experimentar, gratíssimos pela gentileza dela. milena não aceitou nenhuma gorjeta do grupo (ou "propina" como chamam por lá). pediu apenas que todos retribuíssem tratando bogotanos pelo mundo com a mesma gentileza. podexá milena! 
no bogotá bier company (zona rosa) é possível pedir uma prova das cervejas artesanais da casa. sim, "de grátis" mesmo. a graça é que as provas vêm sobre um mini-ônibus, cópia do trânsmilenio (metro de superfície bogotano). as boas opções dificultaram o veredicto final, mas terminamos por optar pela "cajicá con miel".
para acompanhar lá estavam nossos estimados patacones, servidos com guacamole e molho picante.
é claro que bogotá, como boa capital cosmopolita que é, possui diversas opções de cozinha internacional. a zona G carateriza-se em um reduto gastronomico bem variado. nos rendemos a sanduiches e sobremesas que poderiamos ter provado em qualquer parte do globo (e que estavam um delícia). mas chamo a atenção para os maneirismos locais: abacate junto com os antepastos no pão e o chips de banana substituindo minha porção de batata frita. yum-yum. 

os aromáticos são infusões de ervas variadas, servidas nas barracas de rua ou em cafés. é facil entender a popularidade deles diante do clima frio e chuvoso de bogotá. só uma bebida quente aquece a alma e revigora o corpo de meias molhadas.
já lá em usaquen foi a vez daquele momento  "de experimentar não necessariamente apreciando": na colombia o chocolate quente é dissolvido com água ao invés de leite e servido com queijo mussarela derretido. 
é. queijo. você leu certo. não dá muito certo. mas você leu certo.
patacon é outra constante na cidade. consiste em um disco crocante de banana que lembra uma tortilha. resulta de um processo onde cozinham a banana, a prensam e depois a fritam. acompanha recheios salgados. aliás, a banana na colombia é salgada assim como o abacate.

como talvez esperado... a semente de papoula não tem tantas restrições de comercialização na colombia como tem no brasil. fazia tempo que eu via tantas ofertas de bolos salpicados com a semente. foi a minha chance de me esbaldar e matar a saudade.

redes de comida não costumam ser comentário em relatos de viagem né?! mas terei que abrir duas exceções.
a primeira é ótimo crepes&wafles. onde fomos tomar café 2 vezes. esta rede colombiana não tem nada de exótico ou único. mas tem opções ótimas para as mais diversas horas do dia e abre no domingo pela manhã, o que pareceu-nos ser uma exceção na cidade.
o café é servido com fartura em pequenas garrafas térmicas que te permitem "tomar tempo para tomar café". o brunch foi nossa pedida (jura!?) e em enquanto fui de mil hojas de frutas e huevos arabes.. marco foi de jamon ranchero. cada um na sua e todos de barriga cheia.

a segunda rede que vale menção é o famoso café juan valdez. enquanto nós, provincianos brasileiros, sonhamos com o próximo starbucks na esquina, os colombianos fizeram a rede deles. agregaram valor ao seu prestigiado café e deram lição de empreendedorismo. vendem agora seu selo premiado e não matéria-prima. precisamos aprender com eles, como bem se falou AQUI.
já no centro histórico procuramos por algo com aquela cara de "marmita PF típico". optamos pelos frijoles con pezuña, aguacate e arroz.
o pé direito deste casario convertido em bodega - em la candelaria - mal comportava o marco que fazia um movimento tal qual a dança da cordinha para adentrar no recinto..

ufa! observa-se com facilidade que não passamos fome em bogotá. mas desde o retorno eu passo vontade. te extraño   patacones. te echo de menos mazorca.
;D

1 comments :

paula albuquerque disse...

que delícia acompanhar por aqui a aventura gastronômica de vocês, babsquerida. :)